segunda-feira, 31 de março de 2008

Semente de mim mesma

Às vezes tenho a sensação de que você me conhece melhor do que ninguém. As palavras certeiras que disse justo no momento em que havia tantas combinações de vocabulário possíveis não podem ter sido apenas uma grande coincidência semântica.

Outras vezes, infelizmente, somos completos desconhecidos.

Você desconhece o quanto eu detesto quando some e fica exatos cinco dias, dezessete horas e 38 minutos sem dar sinal de vida. Você desconhece o quanto detesto ficar imaginando onde e com quem você está sem ter a coragem de ligar e perguntar.

Mas acima de tudo você desconhece o quanto eu detesto quando me dá motivos para ser eu mesma: uma menina mimada e intempestiva que fará a primeira coisa que vier à cabeça simplesmente porque não suporta a reflexão, irmã siamesa da monotonia.

No sábado passado eu não queria ter feito as coisas que fiz. Apenas sete dias antes eu era o ser humano mais feliz que poderia ser, mas a sua ausência plantou em mim a semente de mim mesma.

Regada a muito álcool, ela brotou. Os frutos? Ainda não colhi nenhum. Quem sabe você, que estuda essas coisas do meio ambiente, possa me explicar as conseqüências das minhas ações.

Sinceramente, não suporto a entressafra.

Espero que um dia você invente um método mágico para as árvores ficarem sempre carregadas de belos frutos. E prometo que até lá meu broto já irá ter se transformado em uma árvore madura.

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