domingo, 25 de maio de 2008

Quando a calça jeans não entra mais

Como de costume, ela estava atrasada. Faltavam apenas cinco minutos para as sete e ela ainda estava na cama, se revirando embaixo dos lençóis. Tomou coragem (hoje em dia você pode comprar em qualquer farmácia, em doses cavalares ou homeopáticas) e levantou num só movimento.

Meio zonza, andou até o banheiro e tirou a roupa. Entrou debaixo do chuveiro sem conferir a temperatura da água e surpreendeu-se com uma ducha congelante. Pobre dela, havia esquecido que já era inverno em Curitiba.

Ao sentir em sua pele as pedras de gelo disfarçadas de gotas d´água, saltou para longe do chuveiro e encostou-se no box. De trinta em trinta segundos molhava os dedos do pé para ver se o chuveiro já estava quente o suficiente. Depois de algumas tentativas, entrou debaixo da ducha.

Como estava sem tempo, decidiu tomar um banho de gato. Lavou primeiro o rosto, depois o colo e em seguida as “partes”. “O cabelo lavo de noite”, pensou. Fechou o registro, saiu do box e caminhou até o quarto, deixando pelo corredor pequenas poças na forma de pegadas.

Conferiu mais uma vez o relógio. Agora já eram sete horas e dois minutos. Abriu a porta do armário e tirou de uma das prateleiras a primeira calça jeans que viu. Começou a vestí-la pelas pernas, como uma calça deve começar a ser vestida. Depois do joelho, empacou. A calça não passava dos quadris. Tentou içá-la com pulinhos descompassados, sem sucesso.

“Porque esta merda não entra?”, praguejou. Irritada, começou a pensar no que havia comido nos últimos dias. No menu imaginário, nada que justificasse aquela situação. (Ela tinha até recusado aquele chocolate suíço que tanto gostava)

Então porque não entrava mais numa peça de roupa que depois de anos de uso era quase uma segunda pele? Sem muito tempo para pensar, tirou a calça do corpo e a deixou no chão. “Ah, chega uma hora que a gente tem que mudar mesmo”, resmungou.

Indiferente, abriu a outra porta do armário e pegou uma saia.

Sem dificuldade, colocou a saia no corpo e foi trabalhar.

E assim é a vida.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Há mentiras que vem para o bem

Podem me chamar de tratante. Afinal, eu prometi que iria divulgar aqui todas as mentiras que os homens contam para enganar as mulheres e não o fiz. Confesso que durante o último mês deixei de lado o amargor que tomava conta do meu coração e tentei enxergar no meio de tantos dramas femininos pelo menos uma ínfima partícula de caráter masculino.

Estava quase conseguindo. Quase.

Na tarde de terça-feira recebi em meu Orkut um scrap que acabou com todas as minhas expectativas. Depois de ler a minha postagem anterior, um leitor (homem) do blog fez o seguinte comentário (não exatamente com estas palavras): “Discordo do texto porque nunca menti para nenhuma mulher”.

Ai meu Deus! Pra cima de mim? O distinto esqueceu que é meu amigo há três anos e que presenciei milhões de conversas nas quais ele inclusive me ensinava a identificar as mentiras que os homens contam. Lamentável!

O infeliz comentário, que à primeira vista soou como uma afronta, teve seu lado positivo. Por meio dessas medonhas palavras identifiquei os mecanismos que os homens utilizam para mentir. E é aí que está a verdadeira revolução!

Porque, pense comigo, de que adianta saber sobre quais assuntos os homens mentem e o que querem encobrir com as falácias se não conseguimos identificar quando estão mentindo?

Mas voltemos à constatação. Ao mentir, todos os homens apresentam um comportamento “brincalhão” e “engraçadinho”. O comentário do nosso leitor, por exemplo, veio seguido de uma risadinha internética (aquele famoso “hehehe”). Ou seja, quando eles mentem não conseguem fazê-lo de forma extremamente descarada. (Yes! Ainda há uma luz no fim do túnel!)

Com base nisso tudo podemos pegar o mentiroso no flagra e nos safar dos sofrimentos posteriores. Temos que nos unir e, pela primeira e única vez na vida, agradecer a mentira de um homem.

Em nome de todas as leitoras, obrigada Mc. Amendoim!